terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Jarra - Sociedade de Porcelanas de Coimbra

A Sociedade de Porcelanas de Coimbra foi  presumivelmente fundada em 1922, com concessão de alvará em 1924, tendo encerrado definitivamente no final de 2005. 
Mais conhecida pelo uso da marca Coimbra S.P., inicialmente o seu logótipo consistia num círculo cujas figuras centrais citavam as Armas da cidade de Coimbra, como pode ver-se nas imagens abaixo reproduzidas.
Em 1936 atravessou momentos de grande fragilidade económica, tendo sido adquirida em parceria pela Fábrica de Porcelana da Vista Alegre e pela Empresa Electro-Cerâmica do Candal.
No final da Segunda Guerra Mundial, a Vista Alegre adquire também a Electro-Cerâmica do Candal, passando então a ser a única proprietária da Sociedade de Porcelanas de Coimbra.
Mesmo assim, a fábrica mantém  produção independente, continuando a usar a marca Coimbra S. P., que a partir do final da década de 60, aparece  muitas vezes justaposta à marca da Vista Alegre.


Brasão de Armas da cidade de Coimbra. © CMP



Duas das marcas usadas pela Sociedade de Porcelanas de Coimbra: a primeira durante as décadas de 20 e 30; a segunda até final dos Anos 60. © CMP



A jarra abaixo reproduzida, datando provavelmente das décadas de 50 ou 60, mede 9 cm por 4 cm e exibe a marca Coimbra S.P., introduzida ainda antes de 1945.
Com uma estrutura geométrica irregular, explora o contraste entre as superfícies planas pretas e brancas, remetendo para as propostas mais puristas do Modernismo, quer os planos dinâmicos do Cubismo Checo, quer as propostas mais minimalistas de produção alemã.


Sociedade de Porcelanas de Coimbra - Jarra. © HPS

Sociedade de Porcelanas de Coimbra - Jarra. © HPS

Sociedade de Porcelanas de Coimbra - Jarra. © HPS

Sociedade de Porcelanas de Coimbra - Jarra. © HPS

Sociedade de Porcelanas de Coimbra - Jarra. © HPS

Sociedade de Porcelanas de Coimbra - Jarra, detalhe. © HPS


Marca de fábrica, Coimbra S. P. © HPS

Embora a datação da peça seja imprecisa, a aproximação às influências da Arte Op no design e nas artes decorativas é evidente. 
Os jogos ópticos a preto e branco são utilizados por várias fábricas europeias, tanto no desenho de objectos utilitários, como em objectos decorativos.
A título de exemplo ficam algumas figuras femininas da autoria do escultor polaco Henryk Jędrasiak, produzidas pela Ćmielów, Polónia. 
Esta centenária fábrica de porcelanas, sobrevivente a duas guerras mundiais, viveu momentos de enorme liberdade criativa, após a morte de Josef Stalin (1878-1953), tal como toda a produção cultural nos países de leste, dominados pela União Sovética.
Nestas peças, Rapariga Lavando o Cabelo (1959), 18,5 cm, Rapariga com Jarro (1965), 21 cm e Rapariga em Descanso (1965), 10 cm por 18,5 cm; os efeitos ópticos são criados a partir de linhas a negro sobre o fundo branco, sublinhando os movimentos dos corpos e as formas curvilíneas das figuras.


Ćmielów - figuras femininas, Henryk Jędrasiak, 1959 a 1965, Polónia.

Uma jarra de maiores dimensões, 19 cm por 6 cm,  produzida pela fábrica alemã Lindner, aproxima-se especialmente deste modelo da Coimbra S.P., embora presumivelmente de datação mais tardia.


Jarras Lindner, Kueps Bavaria e Coimbra S.P. © HPS


Jarras Lindner, Kueps Bavaria e Coimbra S.P. © HPS


Jarras Lindner, Kueps Bavaria e Coimbra S.P. © HPS


A Lindner, situada em Kueps, na Baviera, foi fundada por Ernst Lindner em 1929, passando, como muitas outras manufacturas da região, por vários momentos de recessão e prosperidade ao longo das décadas seguintes.
A marca de fábrica da jarra abaixo reproduzida, foi introduzida em 1970, data tardia em que a empresa começou a produzir peças de traçado modernista, abandonando a maioria dos seus modelos antigos com decorações e formatos mais conservadores.  
A introdução de formatos modernos deu novo fôlego à companhia, renovando a clientela de forma a garantir o aumento do volume de vendas. 
O sucesso da Lindner  durou até a reunificação da Alemanha, após a qual se formou a Lindner AG, uma sociedade anónima que procurou sobreviver num contexto onde o número de fábricas em competição pelas quotas de mercado, havia duplicado.
A companhia declarou falência em 2002 e das suas ruínas nasceu a Lindner KG, sob a direcção de um novo proprietário, Werner Gossel, que tentou sem grande sucesso, continuar o negócio.
Na ausência de outros recursos e sem possuir uma página própria na Internet, a empresa tentou ainda vender os seus produtos através do eBay, sendo o seu mais recente catálogo conhecido datado de 2007, embora reproduza exactamente o conteúdo do último catálogo oficial da Lindner, editado em 2001, apenas tendo sido alterada a data.


Jarra Lindner, Kueps Bavaria. © HPS

Jarra Lindner, Kueps Bavaria, detalhe. © HPS

Jarra Lindner, Kueps Bavaria. © HPS

Jarra Lindner, Kueps Bavaria. © HPS

Jarra Lindner, Kueps Bavaria. © HPS

Jarra Lindner, Kueps Bavaria, detalhe. © HPS

Marca de fábrica Lindner, Kueps Bavaria. © HPS

A Lindner desenvolveu vários formatos decorados a preto e branco ou utilizando outras soluções bicolores e monocromáticas, todos eles dominados por linhas curvas e dinâmicas. Na peça abaixo reproduzida, a forma livre e escultórica afasta-se radicalmente dos formatos convencionais de jarras ou vasos, dissociando claramente forma e função.


Jarra Lindner, Kueps Bavaria, modelo 544/2. eBay

Jarra Lindner, Kueps Bavaria, modelo 544/2. eBay

Jarra Lindner, Kueps Bavaria, modelo 544/2. eBay

Marca de fábrica Lindner, Kueps Bavaria, modelo 544/2. eBay






CMP* agradece as informações obtidas nos blogues Moderna uma outra nem tanto, Arte, livros e velharias e Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém, bem como os esclarecimentos prestadas pelo especialista em porcelana Alemã, Christopher Simon Marshall (PM&M).





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